quarta-feira, junho 30, 2010

Os meus filhos não sabem usar a porra de um telefone

Está bem que agora já não têm aqueles bucais onde era mais que óbvio identificar os locais para falar e ouvir (tão facil que até uma criança o fazia), mas caramba, às vezes parecem dois homens das cavernas a quem de súbito fosse oferecido, por artes e manhas do destino, um objeto corriqueiro do nosso cotidiano, tipo uma caneta, ou um copo, ou mesmo uma colher, e olhem lá que se calhar os tipos escapavam-se melhor na coisa. Primeiro, nunca colocam a porcaria do telefone perto do ouvido, e, claro, não ouvem nada, e por isso têm de accionar o loud speaker, o que, diga-se de passagem, conseguem sempre com grande perícia, ao contrário de mim, que nunca sei em que botão carregar. Depois, como já ouvem a criatura do outro lado, acham que se falarem, ainda que a um metro de distância do mecanismo, ela as vai ouvir na mesma proporção. E não vale a pena tentar explicar-lhes para onde devem falar e onde devem colocar o ouvido, porque, por mais inteligentes que sejam, por mais conceitos complexos e complicadíssimos que aquelas mentes assimilem por segundo, nestas alturas ataca-se-lhes uma parvalheira e uma senilidade tal, que às vezes chego a duvidar se não terão um parafuso ou qualquer coisa a menos naquelas cabecinhas. Acabam sempre por falar para o sítio errado, num tom baixo e monocórdico, o que se revela um obstáculo incontornável à comunicação. Como também não gostam de falar so telefone, acaba-se assim a coisa, de modo drástico e previsível, com o desligar do dito ou com a passagem da batata quente a quem estiver mais próximo - eu. O que às vezes me leva a pensar que tanta falta de habilidade para lidar com um instrumento tecnológico tão básico é, deveras e afinal, preguiça e falta de vontade. Mas isto sou eu...

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