terça-feira, junho 01, 2010

Um amigo

Os livros podem fazer-nos companhia. Tanto ou mais ainda que uma pessoa. Não me refiro ao momento em que os lemos. Segurar um livro nas mãos, em determinada altura, por exemplo, pode valer tanto como um olhar ou uma mão no ombro. Nos momentos em que precisamos de toda a nossa coragem, nos momentos em que fechamos os olhos porque a luz é demasiada, ter um livro ao nosso lado; não um livro qualquer; aquele livro; aquela estória; aquele autor, e a fantasia que construímos com aquele autor particular - porque todos os leitores tecem fantasias sobre os autores que lêem - ; por uma razão qualquer, grande ou pequena; às vezes até por razão nenhuma; ter aquele livro, dizia, pode ser mais, muito mais, do que a palavra ou o olhar ou o gesto de que precisamos. Naquele instante, para aquela dor. A companhia de um livro. O objeto, apenas, com tudo o que transporta. O toque da capa, a textura das páginas, o contacto, a pele. Tudo o que basta para nos sentirmos menos sós.

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