segunda-feira, setembro 13, 2010

O cheiro do tomate colado aos dedos

Os tomateiros tombam com o vento, as hastes pesadas de mais para suportar o próprio peso, e eu, mãe estremosa, vou e afago-lhes os ramos enquanto lhes endireito os troncos, acarinho as folhas, e com cuidado teço uma rede à sua volta, feita de pauzitos de madeira presos uns aos outros, que, coitados, também não se seguram lá muito bem nas canetas, enquanto os pingos de chuva me enregelam os braços e me enchem o cabelo de pérolas. Passado um bocado, depois desta esmerada operação, olho lá para fora e os desgraçados dos pés de tomate estão de novo de borco, como se estendessem mãos suplicantes para a dádiva do céu. E lá vou eu. No fim fico com o cheiro do tomate colado aos dedos.

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