quinta-feira, fevereiro 24, 2011
O charme das Testemunhas de Jeová
Já falei disto antes; aliás, parece que estou sempre a falar do mesmo, como aquelas pessoas que batem sempre na mesma tecla. Mas é um facto. Quando abro a porta e as vejo, geralmente uma mulher mais velha acompanhada de outra mais jovem ou de um homem, apetece-me fechá-la logo a seguir. O sorriso, porém, não me permite fazê-lo. E então perguntam-me se não me importo que me falem sobre as escrituras, e nesta altura respondo que, lamento, mas não tenho religião, e tento dar-lhes a entender que estão a perder o seu tempo. Elas, porém, não parecem reparar nisso, e quase sempre se segue uma troca de ideias sobre Deus e o estado do mundo, criacionismo versus naturalismo, fim do mundo e juízo final e o meu cepticismo em relação a estas coisas. Eu falo, a outra fala (é sempre só uma que fala), e, por momentos, parecemos duas surdas a tentar comunicar: fico com a sensação de que não nos ouvimos, de facto. Pela minha parte, faço um esforço considerável em ouvir e entender tudo, mas esbarro numa parede que debita sempre os mesmos argumentos. No fim, querem-me sempre deixar papéis e eu recuso; não vale a pena, se não vou lê-los. Ela concorda e diz que não se devem desperdiçar papéis, e por fim despede-se, dizendo que foi um prazer conhecer-me e falar comigo. Apresenta-se e apresenta a moça novita, que aparenta menos de 20 anos, e pergunta-me o nome. Respondo e digo que também foi um prazer. Antes de virar as costas, ainda me gaba o cabelo, such a nice hair you have, take good care of it, it doesn't last forever, you know, e eu rio-me e aceno-lhes. Com este charme todo, fica difícil resistir-lhes.
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2 comentários:
Querida Papu a história que aqui contas é, como dizes, comum a todos.
Não resisto, no entanto a contar-te um episódio que comigo se passou.
Estavamos, na altura em Loulé e. todos os fins de semana, sempre ao fim de semana quando o descanso era assumido inteiramente, a meio da manhã, lá estava o homem da gabardine cinzenta, mais o seu acompanhante a bater á porta. Invariavelmente, lá ia a Ana ou o André, saber o que seria e o discurso era tal qual contas. A coisa foi-se arrastando até um dia em que estando eu já de pé, a campaínha tocou, foi, desta vez a Fernanda à porta e quando eu me aprecebo do que era, solto um grito assim do género: "O quê, esse Filho da ...., outra vez, eu já aí vou!" Num pulo pus-me ao pé da porta, era um oitavo andar, mas só já vi a ponta da gabardina a desaparecer no lance de escadas que dava aceso ao andar inferior!!!
Calculem o que o que foi o meu fado com uma igreja a 3 portas da minha casa. E, como o Zé diz, era sempre ao domingo quando me queria dar ao luxo de uma manhã sem limites na caminha.
Nunca fui mal educada mas, já há muito tempo viram que daqui não levavam nada. A igreja lá continua (em dias de missa fica lotado o estacionamento na rua) mas nunca mais me incomodaram.
marilena
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