Loucura

Não, espera; não posso dar um passo naquela direcção, porque senão aquilo ali pode partir-se; aliás, só respirar já faz tremer as paredes. Também não posso gritar, que aí então cai-me o tecto em cima. Talvez devesse ir por ali; mas também não, que ali o chão é de vidro, e faltar-me o chão é que não. Daquele lado o caminho está cortado, e desbravá-lo seria uma ideia; mas e depois se aparece alguém a dizer que não o devia ter feito? Do outro lado há uma porta; talvez pudesse tocar à campainha; será que existe campainha? Mesmo que não, podia bater à porta. Com as mãos, pois. Se calhar não está ninguém, não vale a pena. Ou então podem estar a dormir... Não quero incomodar. Para trás não há nada; que interesse haveria em voltar para trás? Ao menos não incomodava, e também não arreliava... Era só eu e mais eu e mais nada. Mas já estou farta de mim. Ficar aqui, então? Sim, talvez seja o melhor; ficar aqui quietinha, que é mais seguro. E, afinal, talvez apareça alguém, quem sabe...