segunda-feira, abril 25, 2011

Liberdade em carne viva

















Estou engasgada
a liberdade atravessada
na garganta
a ferida ao pé da boca
e a boca que não canta
e nada espanta.

Esqueci-me de mim.
Esqueci-me do mundo. De tudo.
De como o sol gira, parecendo estar parado
de como o tempo estanca, parecendo eterno
de como a vida passa, prarecendo nada
de como um grito soa, parecendo mudo.

Ou será que me enganei
nas horas?
Será que o que esqueci foi,
não o mundo
mas o fundo
da memória?

Será que deixei encher o copo
gota a gota
e nada fiz?
Deixei a meia rota
desfiz o novelo
e quando quis remendar
passajar abafar
era tarde e estava seca. Estava gasta, a planta.
Estava em carne viva, a garganta.
E a voz, já nada espanta.

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