Preciso de me misturar com este homem. Entrar-lhe para dentro do corpo, para dentro da pele; ser o ar que respira, inspira, expira; correr-lhe nas veias, encher-lhe as aurículas e os ventrículos, os pulmões até sufocar, o ar, o ar. Preciso de me perder nos seus devaneios, na sua dor, preciso de auscultar-lhe os sonhos, as gargalhadas, risadas, palavras, morar-lhe na boca, sofrer-lhe a dor nas pernas e nos joanetes, ser-lhe a sombra do que não ousa. Preciso de me confundir com ele ao ponto de não saber se é de mim que falo, se é dele. Se sou eu ou ele. Quem sou eu, sou ele.
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