Foi quando o filho lhe disse qualquer coisa; algo simples, a mera expressão de um desejo, uma banalidade qualquer, uma pergunta inocente mas incisiva, porquê?
(geralmente são os filhos que nos chamam a atenção para as coisas mais importantes)
foi ao ouvi-lo, ao ouvir a expontaneidade dos seus doze anos; a forma como espera dela a verdade, e apenas a verdade; a forma algo ingénua com que acredita nela, sempre, sem questionar
(apenas no que é primário, uma espécie de segunda respiração ou segunda pele; o essencial que temos como certo. Em tantas outras coisas, aquelas de múltiplas certezas, começa já a questioná-la, a opôr a sua própria perspetiva, a desligar-se da sua opinião. A crescer, em suma)
foi então que entendeu, assim de repente, que se passara toda a vida a tentar protegê-los, se fora isso que a empurrara; se era essa a sua prioridade máxima, então, logicamente, como dois e dois são quatro, teria de continuar. A protegê-los. Da teia. De mentiras. Em que. Estava enredada. Há tanto.
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