Faz hoje um mês que parti para Lisboa, rumo a Avis, para participar no Escritos & Escritores, que envolve, para além das conversas entre os escritores e o público, idas às escolas para falar com os alunos. Foi o primeiro encontro no qual participei na qualidade de escritora premiada com o Leya 2013, como tal a minha experiência anterior em eventos deste tipo era nula. Isso, no entanto, não me impediu de reconhecer o empenho, o esforço e a excelência com que a ACA - Amigos do Concelho de Avis, leva a cabo a organização deste acontecimento, contando com apoios escassos e irregulares das entidades que, poderiam, de facto, fazer a diferença em termos de investimento financeiro - já que do investimento humano, da vontade e da ajuda desinteressada, este evento não carece de modo nenhum, antes pelo contrário. Ora, o que poderia eu fazer para, pela minha parte, agradecer tamanha generosidade e vontade de promover a cultura e a literatura? Escrever, como é óbvio, um texto onde dissesse isso mesmo, onde chamasse a atenção das pessoas para a realização destes pequenos grandes eventos, que sobrevivem graças à grandeza de equipas como esta. E depois de o escrever, publicá-lo num jornal onde pudesse ser lido pelo maior número possível de pessoas. Coloquei logo de lado a questão de ser paga, que experiências anteriores já me ensinaram que tal é considerado, na maioria dos meios de comunicação nacional, um mero capricho. Então nós oferecemos a divulgação do vosso trabalho, e vocês ainda querem dinheiro? (deve ser este o raciocínio). Mas adiante. Os jornalistas que contactei, tenho de o referir para não correr o risco de ser injusta, foram amabilíssimos e dispuseram-se a inquirir, junto das respectivas direcções, da possibilidade de publicação do texto. Aqui é que começaram as dificuldades. Aparentemente, algo que aconteceu ainda nem há um mês já é considerado passado remoto. Como tal, não interessa a ninguém. E a somar à perplexidade fiquei a saber que um dos jornais de maior reputação da nossa praça vai deixar de ter suplemento cultural. Assim, sem mais nem menos. E como tal não encontrou nenhum compartimento onde arrumar os meus sete mil e tal caracteres, ou pura e simplesmente também não achou interesse algum em divulgar um assunto desta natureza. Afinal, não é por acaso que eventos desta dimensão estão condenados à extinção. E é pena. Assim como é pena que Portugal se vá afundando desta maneira. É a imagem que, a esta distância, me surge: a de um titanic a afundar.
Estou à espera de uma última resposta, portanto, pode acontecer que o meu humilde testemunho ainda chegue à imprensa nacional. De qualquer forma, se não for por esta via, será por outra.
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