sábado, junho 25, 2005

O QUE NÃO É BONITO TAMBÉM É PARA SE VER

Para andarmos de top justo e de calças abaixo do umbigo, deixando o dito bem visível para quem o quiser apreciar, precisamos no mínimo de ter um look dentro do padrão estético de beleza em voga, ou seja, nenhum (ou quase nenhum) grão de celulite a adornar-nos a pele lisinha da barriga, nenhuma prega ou pneu a ondular a dita cuja, e de preferência que nenhum relevo seja visível do lado de fora do top, a não ser claro um pouco cá mais em cima, porque hoje em dia já não se apreciam muito as tábuas rasas, mas cuidado!, porque mamalhudas também não, o melhor mesmo é não deixar nem um grama de gordura acumular-se por baixo da nossa pele, nem que para isso deixemos de comer ou percamos horas intermináveis em massagens e tratamentos estéticos, quando há guito, ou no ginásio mais próximo, ou no mais barato.

Claro que não tenho nada contra quem tenta manter a linha e consegue, tenho sim pena daquelas (digo aquelas porque isto realmente é um problema de mulheres!) que tentam e não conseguem, ou nem sequer têm tempo para tentar, e por isso carregam um fardo de culpa nos ombros que não as deixa viver felizes com o corpo que têm, e têm de o esconder debaixo de roupas largas e folgadas para não trazer à luz do dia os ditos pneus, ou os grãos de celulite, ou alguma gordurinha acumulada, ou seja lá o que for que as faz sentir que o seu corpo não é para ser mostrado.

Porque realmente a visão de uma mulher gorda de top justo e de umbigo à mostra dá-nos vontade de rir... ou de chorar, talvez! Não conseguimos imaginar imagem mais ridícula, pois não?, habituados como estamos a que as pessoas gordas, já que não podem deixar de existir ou emagrecer de um momento para o outro, ao menos tenham o pudor de tapar as banhas e não nos brindarem com o espectáculo da sua triste figura...

Às vezes nem é preciso ser gorda: basta ser um bocadinho mais redonda ou mais gorducha do que o normal... mas pronto, já não é a barriguinha lisa, já não são os ossos a saírem da pele, e que mal que fica um umbigo rodeado de carnes mais salientes, ou um pneu a fazer relevo na camisola ou mesmo a espreitar por baixo da justeza do top...

Vem isto a propósito do espectáculo que é ver pessoas gordas, obesas mesmo, com pneus e banhas e pernas de elefante... de calças justas, de top, de cavas, de umbigo à mostra, sem pudor nem vergonha nenhuma, mostrando o seu corpo ao sol e ao mundo, e nem um pouco preocupadas com o que os outros vão pensar! Pessoas que se sentem bem com o seu corpo ao ponto de não terem vergonha de o mostrar, seja ele bonito ou feio, gordo ou magro, com ou sem celulite. Pois é verdade, estou a falar das inglesas, sim, de muitas mulheres inglesas com que me cruzo todos os dias na rua. Aqui não é preciso ter um corpo prefeito para o mostrar. Aqui toda a gente faz questão de usar o mínino de roupa possível quando o calor aperta, independentemente de terem ou não pneus e banhas e carnes a mais. E não é um espectáculo ridículo, nem triste, é um espectáculo, ponto final. É um espectáculo ver pessoas viverem felizes com o corpo que têm.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não tinha lido este teu texto.
Uma maravilha, de quem assume o seu corpo e vive feliz com ele.

Um beijo Papu