sexta-feira, julho 22, 2005

ENTREGA DE PRÉMIOS

A sala estava cheia de pais e mães, alguns com bebés ao colo, outros com bebés no carrinho, distribuídos por três filas de cadeiras dispostas ao longo de uma parede, e alguns fora das filas, em cadeiras apanhadas à última da hora, ou simplesmente de pé. À frente das cadeiras estavam duas filas de bancos para os meninos mais velhos se sentarem, e no chão ainda se formaram mais duas filas de meninos, sentados de pernas cruzadas. Era aí que estava o David, no meio de tantas cabeças, de costas para nós, olhando de vez em quando para trás, assim meio de lado. Nós estávamos na primeira fila de cadeiras, sentados lado a lado, eu com o Diogo ao colo, a enrolar-se ao meu pescoço e a mexer-me nos cabelos, e a abrir a boca de sono.

Depois havia uma mesa comprida com os prémios, e atrás uma espécie de pódio onde os premiados subiriam depois de recebidos os troféus. E lá começou a festa, cada prémio era aplaudido com uma salva de palmas entusiástica, e cada menino levantava-se, recebia o certificado e um embrulho, dava um aperto de mão a cada professor, e subia para o pódio. Havia prémios para Melhor Aquisição de Conhecimentos em Literatura, Matemática e Ciências, Melhor Progresso nas mesmas áreas, Melhor Amigo, Melhor no Desporto e Melhor na Assiduidade às aulas. O David teve o melhor conhecimento da matemática, e lá subiu para o pódio com um ar envergonhado, onde ficou a olhar para todos os lados, sem sorrir, pouco à vontade, com a sua timidez habitual. Depois o pódio foi-se enchendo de outros meninos, alguns com sorrisos excitados, outros mais envergonhados, que mostravam orgulhosamente os prémios à assistência, e ele foi ficando mais descontraído, encostou-se à parede, procurava-nos com os olhos e sorria baixinho. Houve um menino que se recusou a levantar, e recebeu o prémio sentado no seu lugar, no meio dos outros meninos, no chão. Mas todos estavam felizes, com a alegria estampada na cara, à mistura com mais ou menos vergonha. Eu também nunca gostei nada de sentir todos os olhos postos em mim, acho que o David tem a quem sair. Mas pela cara dele adivinho que estava contente, ele, que tanto queria receber uma taça!

1 comentário:

Anónimo disse...

e tu encheste o teu coração de orgulho, de esperança, uma luz imensa que se acendeu


num país tão longe de casa.