domingo, agosto 28, 2005

UMA TARDE NO PARQUE

Dia de sol, céu azul, e apesar do vento já de outono, a temperatura é agradável, um convite à saída, ao ar livre, sentar na relva, o lanche ao lado, as garrafas de cerveja tombadas pelo chão, a família toda, do avô mais velho ao bebé na alcofinha ou a dormir a sesta no carrinho. Isto é uma das coisas que admiro nesta gente daqui, quando o sol espreita, ninguém fica em casa! Os relvados enchem-se de cor, a cor das camisolas, das saias, dos casacos, das calças e calções, os cabelos ondulam ao vento, e há correrias de crianças, pernas atrás de uma bola, e jogos mesmo à séria, com equipamento completo de futebol e tudo.
E nós, lá fomos ao parque.

O David vai fazer acrobacias no helicóptero. Este é constituído por uma série de anéis de ferro, entrelaçados uns nos outros, com formas redondas e rectas para os miúdos subirem. As hélices são constituídas por escadas que descem na vertical e se tornam planas, na horizontal, talvez a 2 metros do chão. Foi por aí que o David subiu, e depois continuou lá por cima, de gatas, em cima da escada, até ao centro. Finalmente, começou a fazer o percurso para trás...
Mãe - Acho que era melhor ires ajudá-lo.
Pai - Deixa-o lá, ele desenrasca-se.
Mãe - Sim, mas ao contrário é mais complicado...
Pai - Mas ele consegue...
O David continua o percurso, muito devagar, talvez um pouco atrapalhado, ou apenas tentando tomar o máximo de cuidado para não cair.
Mãe - Acho que ele está atrapalhado...
Pai - Está preso!
O sapato prendeu um pouco o movimento do pé, mas ele lá continua, vagarosamente.
Mãe - É mehor ires ajudá-lo!
Pai- Deixa lá o miúdo desenrascar-se sozinho!
Mãe - Mas ele pode cair!
Entretanto, o David chega à parte em que a escada começa a descer, e com um simples movimento dos pés e dos braços salta em segurança para o chão, deixando a mãe quase a meio da frase.
Realmente, não há como um pai para nos chamar à realidade.

Descobri porque é que os ingleses não batem bem da bola!
Nos parques infantis é prática corrente de muitos pais ou de quem acompanha as crianças porem-nas naquelas plataformas giratórias e depois empurrarem aquilo com quanta força têm! Aquela porcaria começa a andar à roda com uma tal velocidade que eu fico tonta e quase a vomitar só de olhar para os miúdos ali em cima a girar, a girar. E o que é incrível é que, apesar da maioria dar gritos histéricos onde se adivinha algum prazer, os miúdos às vezes gritam: "Stop me! Stop me!", mas ninguém os leva a sério e continuam a empurrar e a dizer coisas do tipo: "What are you afraid of? It's nice!". Realmente, como é que podemos ter adultos normais se em criança as nossas pobres cabeças são sujeitas a este tipo de tortura física? (Ah! Ah! Sim, era uma piada! Não teve graça? Paciência... Mas a sério, aquele espectáculo faz qualquer um ficar à beira do vómito... Não sei como é que as criancinhas aguentam... Ou então sou eu que estou mesmo uma kota e já não sei apreciar as aventuras radicais próprias da infância...)

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