terça-feira, setembro 12, 2006

REGRESSO À ESCOLA E CONVERSAS DE FIM DE DIA

O David já recomeçou a escola e está todo entusiasmado. Ontem, confessou-me a sua vontade de pertencer ao red group. Explicou-me que está no square group em matemática, que é o melhor, e no blue group em língua. Mas é o red que é o melhor.

Eu então disse-lhe que isso é porque o inglês não é a primeira língua dele, mas sim a segunda. E acrescentei que, mesmo assim, ele tem sido muito bom. E ainda lhe disse: "Não fiques chateado por isso, filho, também não é preciso ser o melhor em tudo!"

Fiquei a pensar no que lhe tinha dito, e acabei por acrescentar que devemos sempre tentar melhorar. Isto apenas para ele não pensar que não se deve esforçar por atingir as metas que ele próprio sinta motivação para atingir. E porque é mesmo o que penso, que devemos sempre tentar melhorar. Mas tentar melhorar não é o mesmo que tentar ser o melhor.

A escola proporciona este objectivo de tentar melhorar e dar o melhor, sem tentar ser o melhor, acho. Os miúdos obtêm team points nos trabalhos de casa e outras actividades, team points esses que são atribuídos ao grupo a que pertencem, e não a eles individualmente. É a equipa que recebe os prémios e as congratulações (e não o aluno X ou Y).

Ter de ser o melhor é um peso muito grande para os ombros de qualquer criança. Um peso e muitas vezes uma compulsão da própria criança. Consegue, desta forma, a apreciação de que o seu ego frágil tanto necessita. São miúdos inseguros, pouco sociáveis e com alguns problemas de integração com os pares. O ser o melhor, e por isso ser elogiado pelos professores e pelos pais, acaba por dar-lhes a certeza de que são amados e admirados. E o problema está aqui. São crianças que não se sentem amadas pelo que são.

Conheço e conheci muitas crianças assim. É por isso que tanto insisto nisto e tanto tento que o meu filho não sinta isto. Claro que para mim é muito bom e muito compensador que ele obtenha tão bons resultados na escola, mas não quero que ele sinta que tem de ser o melhor. Quero que ele se sinta motivado para dar o seu melhor, mas que essa motivação provenha da sua auto-estima e do seu natural reforço, e não da necessidade imperiosa de a reforçar.

Não, David, não precisamos de ser os melhores. Devemos, sim, tentar melhorar sempre como pessoas e a todos os níveis. Devemos tentar aprender sempre, porque há sempre coisas novas para aprender, mesmo quando já sabemos muito. Aliás, o muito que sabemos em determinada altura da nossa vida é sempre pouco, é sempre muito pouco. É esta atitude de abertura perante a vida que é importante, e não a convicção superior de que já sabemos tudo, ou já sabemos muito, ou que somos melhores e mais inteligentes que beltrano ou sicrano. Quem se perde nestas comparações idiotas não evolui, estagna no tempo. E a escola que promove estas comparações é idiota e não educa. Assim como os pais que fazem o mesmo.

3 comentários:

Alex disse...

Já tinha saudades.
Ha pois tinha.
És uma mãe especial Papu.

E o consultório on-line?
Tens que pensar nisso ... a sério, talvez um outro blog, onde as mães da blogosfera se reunissem para falar de tudo.
Tudo o que está relacionado com a maternidade claro ...

Pensas nisso?
Peço ajuda ao Pim?
É preciso?

Beijocas

papu disse...

ó linda, um espaço de debate era interessante, sim, alinho, mas um consultório on-line... desculpa lá, tenho as minhas d
uvidas e alguma embirração pessoal com esses consultórios on-line que vemos por aí em todo o lado, nas revistas, na net... acho q não resultam, acho q são coisas pouco sérias. A única coisa que me faz sentido, mais parecida com isso, é precisamente um espaço de informação, aconselhamento, e debate também, porque não? Mas claro que podemos falar melhor nisso :)))

papu disse...

Quanto ao pim, acho q sim, se ele estiver interessado, era uma óptima colaboração... acho uma boa ideia, sim senhor... só não sei como vou arranjar tempo para ela, mas isso depois logo se vê :P