domingo, fevereiro 25, 2007

E ASSIM SE PASSA UM DOMINGO

Acordei por volta das 9 com a vozinha do Diogo

«Mãe, eu vou fajêl xixi...»

Abri um olho e respondi

«vai lá, filho, vai lá...»

Voltei a fechá-lo.

Fiquei a ouvi-los acordarem e descerem lá para baixo. Com um ouvido à escuta, a ver se não ouvia nada de anormal.

Às dez e meia lá vim para baixo. Ainda a dormir em pé. Dei-lhes o pequeno almoço e fiquei na mesa a preguiçar. Depois fui tomar banho e desci de aspirador em punho.

«Vá, agora a mãe vai aspirar, vão lá para cima»

Tinha jurado que acabava de arrumar a casa este fim de semana.

Às tantas, entre desviar sofás e aspirar os cantos, olho para o chão e vejo uns tufos de pêlos.

«São pêlos de rato», pensei, e senti o desespero a crescer.

Olhei para o lado e vi mais pêlos iguais, em muito maior quantidade, pretos, pretinhos, e uma tesoura caída ao lado.

Não eram pêlos de rato. Eram cabelos. Cabelos assim, daquela cor, cá em casa, só podiam ser do David.

«David, anda cá abaixo!»

O rapaz ficou envergonhado. Disse que não sabia porque tinha feito aquilo. Não tirava os olhos do chão.

«Ó filho, diz lá, a mãe nem está zangada!»

Mas ele continuava constrangido. O cabelo dele no alto da cabeça estava todo desencontrado. Suspirei. Ainda bem que ainda não aspirei a casa de banho.

Subi, fui buscar uma cadeira ao quarto deles e pu-la no chão da casa de banho. Tirei os tapetes e pus o caixote e o bacio dentro da banheira.

«Anda, temos de cortar esse cabelo.»

Bom. Ele portou-se muito bem, quase nunca se mexeu e aguentou não sei quanto tempo ali quieto, enquanto eu tentava acertar aquelas gadelhas. Não ficou nenhuma obra de arte, mas também não ficou muito mau... espero! :P

Depois foi meter o rapaz no banho, apanhar os cabelos com o aspirador (havia cabelos em todo o lado, menos no tecto). E aproveitando a embalagem, dei também banho ao Diogo, apesar dos seus protestos e do choro que se seguiu quando percebeu que não ia a lado nenhum com aquela cara de mau a dizer:

«Eu não quélo tomál banho!!!»

Finalmente, fomos almoçar... às quatro da tarde!

Seguiu-se nova onda de protestos:

«Eu quia xopa xem nada!»

«Eu quia que tu dáxes-me a xopa!»

Depois de alguma gritaria, zanga, abraços e choros, ele lá foi comendo, enquanto eu lhe dava algumas colheradas e ia comendo ao mesmo tempo.

Entretanto a tarde já se deita, preguiçosa, e a luz começa a ficar mais turva e densa, à medida que as nuvens descem e engolem de cinzento os telhados e as chaminés das casas.

O melhor mesmo é não olhar para o relógio. Deixar o tempo correr, sem pressas, e ir andando, olha, deixar andar.

3 comentários:

Edelweiss disse...

Um domingo atribulado! Bjs.

Kate disse...

música nova!

Boa semana por aí,

bjs

Rita Quintela disse...

A verdadeira e possível filosofia da felicidade doméstica - olha, deixar andar!