Deixo-vos um poema que escrevi o ano passado por esta altura:
Imaginem o que era
não podermos expressar opiniões,
sentimentos,
emoções,
imaginem o que era
termos de ocultar verdades
em mentiras
termos de inventar metáforas
todos os dias
termos de calar as palavras
na voz
no grito
nas mãos fechadas
e apertadas
em fúria.
Imaginem o que era
termos de esconder
intenções
trocar
significados
escrever
por outras palavras
dizer
o que não se disse
exprimir
sem revelar
o quê.
Imaginem o que era
termos de a arrancar da terra
e continuar a regá-la
no escuro
das nossas almas.
Mas nunca ela foi tão bela.
Nunca as palavras tiveram tantas vozes.
Nunca os sentidos pintaram com tantas cores.
Nunca os sinais revelaram tantos significados.
Nunca as nossas mentes foram tão livres
de pensar
e sonhar
a liberdade.
5 comentários:
25 de Abril Sempre!
Bonito poema! Não o conhecia. beijinnnnnnnhos...
Lindo, Papu!
Por mais que nos queixemos do Portugal dos dias de hoje, para mim não há nada que pague a liberdade que agora temos!
Por muito que me digam que a liberdade que temos é relativa, que estamos condicionados por muita coisa, pelo menos podemos pensar e dizer o que bem nos apetece! E isto tem um valor incalculável!
É com alguma emoção que oiço descrições desses tempos passados... porque imagino o quanto a minha vida seria dificultada se ainda hoje fosse assim...
Como diz a Kate, é importante termos a noção que o que temos hoje se deve à coragem de homens que em 74 puseram fim à ditadura.
Lindo o teu poema Papu.
Beijos!
Poema lindo, poema sentido...
beijinhos de Lisboa...
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