domingo, novembro 18, 2007

Batalhas fundamentais

Temos uma batalha fundamentalista cá em casa.
O Diogo anda muito entusiasmado com a Fairy Blue. A Fairy Blue é uma fada que à noite vai à sala da escola dele e deixa coisas para os meninos. Outro dia trazia uma preciosidade na mala: um bocadinho de papel muito pequenino, escrito a tinta dourada. Uma carta da Fairy Blue! Entre outras coisas, agradecia-lhe os desenhos que ele tinha feito para ela e mandava beijinhos (na linguagem em língua inglesa das fadas, obviamente, que eles aqui não se beijam como nós, a torto e a direito). O troll também é muito falado cá em casa. Também vai à escola à noite, e faz coisas que não deve (coisas de troll, pois claro). Por causa disso os meninos da sala dele fizeram uns avisos que espalharam pelo recreio, a dizerem coisas do tipo: "aqui os trolls não podem fazer grafiti", "anti-troll", "cuidado: troll!"

A estas coisas delirantes, o David opõe a sua crescente faceta materialista, céptica e científica: Não há fadas! Não há trolls! Isso é a professora que faz! E tu estás a dizer isso só para ele não ficar triste! Mas eu sei que isso não existe!

O Diogo, perante este arrojo súbito de realismo concreto, chora! Abre a goela e chora desconsolado!

E eu fico no meio, não sei se estão a ver, a tentar desempenhar (mal e porcamente) o papel de moderadora entre dois surdos-mudos...

Mas, no meio do mal-estar que, confesso, às vezes a situação me provoca (porque não quero destruir a fantasia ao mais novo de um modo tão cruel nem parecer uma parola idiota aos olhos do mais velho), ponho-me a pensar para dentro. É bom podermos pensar para dentro quando lá fora estoura uma trovoada. Experimentem.

E, realmente, ocorre-me muitas vezes que crescer é voltar para onde já estivémos. Primeiro, acreditamos em tudo o que imaginamos. Depois, passamos para a fase dos cepticismos. Descremos de tudo o que acreditámos antes. Para mais tarde descobrirmos que afinal está cá tudo... dentro de nós. O único sítio onde as coisas reais podem estar: a nossa cabeça.

E foi isto que lhe disse hoje, ao David, assim meio à queima-roupa: um dia quando cresceres vais perceber que essas coisas também existem. Na nossa imaginação. Ao que ele respondeu: Mas isso não é existir a sério! E eu: Claro que é! A imaginação também é uma coisa a sério!

E ele: Não é nada!

2 comentários:

CLS disse...

E entretanto vai dizer-lhe que o Pai Natal não existe, não é? Ou ele ainda acredita? Tens aí uma carga de trabalhos com os dois ;)!
Beijocas

Rosa Albardeira disse...

ahahahahahahahahaha... ele há realmente com cada troll... já tinha saudades de vir aqui, já não vinha desde que começaram as aulas, e hoje estou a aguentar-me aqui sentada nem sei como, os rins estão a dar-me um momento de relaxe.. queria só mandar beijinhos, dizer que ja estou desnorteada para que chegues (acho que ainda há beldroegas no congelador), já tenho uma barriga que se note, quero fazer outra jantarada!!! já moeste o juízo ao eduardo para passarem o natal em alcatraz??? vaaaaaaaaa... está um bocado esquizofrenico este texto, não está?? mil perdões, vem mas é comer filhozes!! tenho dito!!