sexta-feira, setembro 12, 2008

Das leituras das coisas (e das palavras)

Eu nunca tinha pensado que livros e leite pudessem ter algo em comum.
Até ao dia em que o Diogo perguntou, muito espantado, depois de ouvir a palavra "leitura":
- Leitura, mamã? O que é leitura?
Depois de esclarecido, ainda não estava convencido:
- É que leitura parece que vem de leite!
Tive de concordar com ele. De facto, o raciocínio até que revela alguma perspicácia.
E hoje, quando líamos um livro, e nos deparámos com uma vaca leiteira nas ilustrações, ele suspirou,com ar sonhador e um pouco desapontado:
- Eu nunca vi uma vaca leitora... Eu queria ver uma vaca leitora, mamã!
Eu cá, também nunca vi nenhuma.
Mas gostava. Palavra.

(Estas coisas, além de me fazerem dar gargalhadas e de me deliciarem, também me deixam a pensar. Isto é curioso. Se nunca tivéssemos saído de Portugal e se neste momento a língua portuguesa não fosse, para eles, menos usual que a inglesa, de certeza que estas coisas não lhe ocorreriam. Geralmente, ocorrem quando as crianças começam a aprender a falar. Quando dizem, por exemplo, eu ouvo, em vez de eu oiço, e outras coisas que tais, que nos deixam sempre o sorriso e o espanto à beira dos lábios. A língua, de facto, é uma coisa fabulosa).

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