quinta-feira, novembro 27, 2008

Anjos e fadas

A minha amiga eslovaca faz massagens e acredita em fadas e anjos.
Eu, confesso, não acredito. Mas acho que, no fundo, lá bem no fundo, até acredito.
Não perceberam, pois não? Vá lá, eu tento explicar: racionalmente, não acredito. O que acontece é que já há muito tempo que não dou grande credibilidade ao meu lado racional. Trato-o assim com um misto de respeito e compaixão. O mesmo respeito e a mesma compaixão que guardamos para aquelas criaturas muito sérias, minuciosas e cheias de lógica, mas terrivelmente cinzentas.
Portanto: não acredito. Mas acho que, olhando melhor (ou fechando os olhos, que é como se vê melhor às vezes), talvez as haja, por aí, a esvoaçar.
E no fundo, cá no fundo (que não sei bem onde fica, mas é bem fundo) gostava mesmo que fosse verdade. Que andassem por aí anjos sentados nos nossos ombros, ou às cavalitas; empoleirados nas cabeças; a dançar à nossa volta. E fadas a esvoaçar e a fazer-nos cócegas. Criaturas fantásticas cuja existência se resumisse a fazer-nos rir e a proteger-nos. Não era o máximo?
Claro que, para não me chamarem maluca, digo para mim mesma e para os outros que tudo isto são fantasias. Produtos da imaginação. Acontece que, já faz algum tempo, a fantasia me parece uma morada bem mais interessante que a mera realidade.
Bom. Vivo assim num espécie de conflito, não sei se estão a ver, entre estes dois lados.
A minha amiga eslovaca vai mais longe que eu: disse-me que às vezes vê as fadas à volta dos seus filhos. São assim uns clarões de luz, alguns coloridos, que brilham suavemente. Depois mostrou-me uma série de fotografias onde as criaturas aparecem. E eu, que não acredito, digo-vos: aquilo é mesmo muito estranho. Vê-se umas bolas, uma espécie de luz, mas se aproximarmos a imagem (através do zoom) vemos que não é apenas luz. Algumas têm textura. E cor. Eu sei que sou suspeita (eu até queria que elas existissem) mas aquilo que eu vi naquelas fotografias não tem explicação possível. Uma delas foi tirada à noite, num jardim. Vê-se a relva, a cerca, o céu escuro e uma data de bolas a caírem do céu, como flocos de neve. Mas não estava a nevar, e algumas são grandes de mais para poderem ser confundidas com neve. Não, a lente não estava suja. Não, não são estrelas (são demasiado grandes) nem borrões de luz. Era uma noite escura. E, aproximando a imagem, vê-se que aquilo não pode ser nenhum efeito de luz. Vê-se a tal textura. A cor, ainda que desmaiada. A textura faz-me lembrar um dente de leão. Não sei o que é. Não tem explicação.
Eu vi, juro. E ainda não consegui parar de pensar no que é que terei visto.

2 comentários:

Hugo Rebelo disse...

estando eu do lado dos que não acreditam (muito embora quisesse) seria muito bom que pusesse uma dassas fotos aqui. sempre tornava a coisa mais realista.
fica o pedido.

saudações

http://coresemtonsdecinza.blogspot.com

Edelweiss disse...

Reflexos do flash?