domingo, dezembro 12, 2010
Cala-te 2
Mas, por amor aos santos, para de escrever sobre ti e essa tua patética estória. Não escrevas sobre essa vontade que às vezes tens de partir para longe, talvez em busca de ti mesma, que não fica bem a uma mulher da tua idade ter crises de identidade. Não fales aos quatro ventos das alterações climáticas que se abateram na tua cabeça, como se a tua cabeça fosse o centro do mundo, que as pessoas têm coisas mais sérias com que se preocupar, e o clima do planeta é que está na ordem do dia, não o teu. Não fales sobre o aquecimento global de regiões inóspitas como a tua aorta ou a veia cava, ou do efeito catastrófico do degelo das tuas regiões polares, como se o mundo se limitasse a imitar-te as maleitas à escala universal, que o egocentrismo, em questões graves como estas, é de muito mau gosto. Não fales, sobretudo, dos efeitos nefastos das toxinas disseminadas no teu sangue, tem mas é vergonha e atenta na deflorestação do Amazonas, no efeito de estufa e na poluição do ar, na extinção da vida nos oceanos, onde é que anda a tua cabeça? O mundo está de pernas para o ar, não tu, minha amiga.
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