Sim, agora via, com nitidez, aquela força, determinação, que sempre estivera presente, já naquele tempo, há tanto tempo já; uma vida inteira, podia dizer-se. Uma vontade obstinada, capaz de derrubar o muro implacável da maior das certezas, das verdades, dos factos. O que é a verdade, afinal, senão mais uma fábula? E fora essa mesma persistência, teimosia, vontade férrea - chamem-lhe o que quiserem - a guiar-lhe os passos trôpegos. Não, a minha vida não vai ser isto. Não, isto não pode ser assim. Não é verdade. Não, não era por aqui. Não é por aqui que quero ir. E envergara pelo atalho, um caminho cheio de pedras e incertezas, resoluta, cheia de medo, zangada, e calada. Tudo tinha de ser mantido assim no maior dos silêncios, para que se convencesse de que sim, não se enganara; a sua vida estava ali, intacta, e não em cacos, espalhada no chão, como a tinha visto.
Foi então, talvez, que começou a inventar histórias. Mais tarde, só teria de escrevê-las.
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