quinta-feira, janeiro 27, 2011

Outro espelho

E depois havia um espelho, um espelho que a reflectia grandiosa, e ela estranhava, porque nunca se vira assim; ou melhor, a visão da sua grandeza e poder sempre fora um desejo (e os desejos podem morar nos espelhos, mas não nos batem na cara). Porque este espelho de agora é de carne e osso, fala, sorri, espanta-se, choca-se, e, acima de tudo, escuta-a. E depois devolve-lhe esta imagem de grandeza que ela não espera, porque a verdade é que sempre se sentiu pequena. E sempre quis ser grande. Grande para poder vencer o medo, para conseguir lutar contra os monstros de igual para igual, para não temer a própria força nem a raiva que a luta acarreta. Grande para poder odiar livremente e meter pés ao caminho, deixando-se guiar pela vontade de ir embora sabendo que por isso o mundo, o seu mundo, não desabará; ficará antes lá, à sua espera, para que um dia possa sentir vontade de voltar. Grande para poder chorar sem medo de se afogar. Grande para poder amar sem vergonha.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hey, I am checking this blog using the phone and this appears to be kind of odd. Thought you'd wish to know. This is a great write-up nevertheless, did not mess that up.

- David

papu disse...

Hey Dave maybe the oddness is because you don't get a single word from the all great written-up, right? or you are just pretending you do?

(pensei que fosse o meu filho, mas ele diz que nao... )