Sobre quê, então?
Não consigo construir o edifício. Qualquer tentativa de seguir o fio da história perde-se. Nem sequer ainda sei o que estou a contar. Um homem e uma mulher. Um tem vinte, o outro dezoito. Há cinco dias sem trocarem palavra. Não, isto não é daqui. Distraí-me. Mas também pode ser. Há cinco dias sem olharem em volta, sem trocarem a palavra certa, sem acharem o que é primordial. Há cinco dias olhando no espelho um rosto desconhecio, teimando em arrancar-lhe um sorriso. Há cinco dias (cinco anos?) buscando algo dentro deles que de repente descobrem que não está dentro deles. Que desilusão.
Estou-me a repetir. Tanta desilusão. Não sei o que hei-de fazer. Talvez a frase mágica da poesia
Onde, entre fumo branco de espuma
entre casas e corpos arruinados
onde a vertigem, a garganta aberta
derramando sangue?
Onde o ar a água
tanta sede, meus braços em transe
e na lagoa deserta
nesse sítio longínquo de mim
habita o espelho da minha memória.
Não é amor. Nem afeto, não
nem carinho o que preciso.
É da água, tanta água
essa água morna dos teus braços.
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