Será que as casas têm alma?
As paredes, para além de ouvidos, compaixão?
E coração?
Existe memória no chão?
O ar naquele quarto era irrespirável.
Maligno. Fétido.
Morreram muitas vidas naquele quarto.
Muitas possibilidades. Esperanças. Sonhos.
Ficaram almas, braços, pernas,
estilhaçados
vozes mudas escorrendo nas paredes
ficaram tripas ficaram feridas abertas
e sangue. Muito sangue.
Nas paredes.
Apodrecendo.
Tantos anos.
As paredes sempre mudas. Brancas. Imaculadas.
Um silêncio pesado.
Séculos.
Para agora surgir a nódoa. O bolor.
O cheiro nauseabundo.
As paredes devolvendo a podridão.
As paredes gritando, ainda mudas.
As paredes com alma. Boca.
A casa com coração.
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