Palavras duras magoam mais
a boca e o peito de onde saem do que os ouvidos que atingem.
Porque antes de saírem
pela boca fermentaram na corrente sanguínea anos e anos, e por isso
se tornaram duras, pedras, cristais opacos de raivas e rancores
antigos. Quem as guarda prefere calar-se e engoli-las, porque a dor
que provocam ao sair é muito maior. Estilhaçam o peito e rasgam a
boca com as suas arestas cortantes e precisas. E, se por acaso saem
dos dedos, deixam-nos dormentes, ausentes das mãos, inertes e
inúteis como bocados de carne seca.
Pela primeira vez na vida,
abrimos o coração, escancaramos a porta, e a dor é imensa. E do
lado de lá, apenas a fecham de novo. Sem uma palavra nem outro gesto
que não a recusa. E é apenas isso.
1 comentário:
Olá Gabriela,
Não tenho facebook e o contato que encontrei foi este. Hoje quando li no Público sobre o prémio Leya pensei se serias a Gabriela que não resistia aos livros de poemas da livraria do Fonte Nova, mas quando li as referências a Estremoz e a escolha da psicologia como curso nem precisei da fotografia para confirmar. Um grande beijinho de parabéns por continuares a escrever. Rita Alves
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