domingo, julho 14, 2013

Palavras duras

Palavras duras magoam mais a boca e o peito de onde saem do que os ouvidos que atingem.
Porque antes de saírem pela boca fermentaram na corrente sanguínea anos e anos, e por isso se tornaram duras, pedras, cristais opacos de raivas e rancores antigos. Quem as guarda prefere calar-se e engoli-las, porque a dor que provocam ao sair é muito maior. Estilhaçam o peito e rasgam a boca com as suas arestas cortantes e precisas. E, se por acaso saem dos dedos, deixam-nos dormentes, ausentes das mãos, inertes e inúteis como bocados de carne seca.

Pela primeira vez na vida, abrimos o coração, escancaramos a porta, e a dor é imensa. E do lado de lá, apenas a fecham de novo. Sem uma palavra nem outro gesto que não a recusa. E é apenas isso.

1 comentário:

Rita disse...

Olá Gabriela,
Não tenho facebook e o contato que encontrei foi este. Hoje quando li no Público sobre o prémio Leya pensei se serias a Gabriela que não resistia aos livros de poemas da livraria do Fonte Nova, mas quando li as referências a Estremoz e a escolha da psicologia como curso nem precisei da fotografia para confirmar. Um grande beijinho de parabéns por continuares a escrever. Rita Alves